terça-feira, maio 31

NÃO PERDER O GOSTO DE VIVER

Não perder o gosto de viver



Data da Postagem: 30 de Maio de 2016

No caminho da vida não existem só flores e nem só espinhos. Somos um misto de grandes alegrias e tristezas, fruto do sucesso e do insucesso, de amigos e inimigos, de luzes e trevas, de ganhos e perdas, que na somatória só fica o que somos capazes de assumir sem medo e com fé.
O realismo da vida me leva a viver cada momento com aquilo que é. Recordo uma frase do então papa João XXIII: “Encontramo-nos na terra emprestados, mas não devemos perder o gosto de viver”. É difícil compreender  que a cada dia da vida o tempo não se repete e o que tempo que temos é curto e passa rápido. Viver o provisório, com suas causas e coisas, depende do grau de  confiança que deposito e a prontidão em aceitar acertos e desacertos.
Em um texto no blog do jornalista Ronaldo Nezo eu li: “Um pensador certa feita disse: ‘Quando a alma chora, olho da janela do meu quarto e do, alto do meu prédio, não vejo a beleza da cidade. Vejo apenas a chance de silenciar meus tristes ais; de calar minhas lágrimas; de penetrar e me perder no esquecimento.  Caro amigo, estar no mundo é estar sujeito aos prazeres e desprazeres da vida. Ainda que se apele para a razão, nossas emoções muitas vezes falam mais alto. E se provocam sorrisos, não raras vezes também nos fazem chorar. Quem deseja viver intensamente, terá dias em que o sorriso vai brotar fácil em seus lábios; mas também deve aceitar que lágrimas não desejadas vão descer pela sua face. Nessas horas, muitas vezes a vida perde o sentido”.
Ninguém esta isento de problemas financeiros, de perda de emprego, de traição amorosa, depressão,  de frustração nas escolhas feitas,  sentimentos de que não valeu a pena o que fez ou deixou de fazer, vontade de que tudo se acabe, que mundo não seja mundo e sim fim de tudo. Nestas horas parece que deixar de viver é a única saída,  afinal a vida não nos pertence, é o maior presente de Deus.
Talvez o que está faltando de fato é um espaço maior para que o Deus da vida seja a direção de tudo e não as coisas de Deus que tomaram conta da  vida. O coração humano não precisa de coisas, quantas coisas sobrando e quantos mendigando um pouco de atenção, de amor e de afeto, proporcionando um caminho novo de que vale apena viver.
Nestes momentos em que não vemos mais por onde e como caminhar, resta-nos um olhar que vem do coração, de uma força superior às nossas, um olhar com os olhos de Deus; e isso só é possível pela fé. Uma fé que faz ver além das aparências, que faz brotar uma esperança viva capaz de dissipar as trevas, e devolver a luz e contemplar a beleza de amar e ser amados. As coisas passam, só amor permanece. O gosto de viver retorna quando somos capazes de ver a vida como presente de Deus e que só Ele tem o poder de tirá-la. Nada deste mundo pode dominar o direito de viver e viver com dignidade. O vazio,  a falta de sentido, o desgosto da vida desaparecerá, quando somos capazes de orar e fazer da vida uma oração e não somente fazer uma oração na vida. O gosto de viver será sempre vivo, quando as cruzes são pontes a atravessar e as vitórias lições para toda a vida e os joelhos calejados de tanto orar.

Dom Anuar Battisti é Arcebispo de Maringá-PR

sábado, maio 28

NINGUÉM PODE AFOGAR N OSSA FÉ

Como fazer para não perder a fé?


Como fazer para não perder a fé?

O Senhor quer nos devolver a fecundidade da fé que o sistema desse mundo e a tentação esterilizaram
Veja a história de Ana, mãe de Samuel: “Cheia de amargura, Ana dirigiu ao Senhor a sua oração, chorando, entre abundantes lágrimas. Enquanto ela orava assim prolongadamente diante do Senhor, Eli observava sua boca. Ana falava baixinho, consigo mesma. Somente seus lábios se moviam. Não se podia ouvir a sua voz. Eli a tomou por bêbada. Eli lhe disse: ‘Até quando estarás bêbada? Vai curar essa bebedeira’. Ana lhe respondeu: ‘Não bebi vinho, nem outra bebida inebriante. Estava apenas abrindo meu coração diante do Senhor. Não trates tua serva como se fosse uma vagabunda, porque foi excesso de dor e de amargura que me fez falar até agora’. Eli lhe respondeu: ‘Vai em paz, e que o Deus de Israel te conceda o que lhe pediste’”(1Sm 1,10.12-17).
Muito pior do que a esterilidade física é a esterilidade de nossa fé. O pecado, o mundo e o demônio conseguiram fazer de nós, homens e mulheres, estéreis na fé e na confiança em Deus.
É preciso, como Ana, derramar nosso coração diante do Senhor.
Infelizmente, somos homens e mulheres de pouca fé; gastamos um pouquinho de energia para pedir e já desanimamos. Dizemos que é impossível e “entregamos os pontos”. O Senhor quer nos devolver a fecundidade da fé que o sistema desse mundo e a tentação esterilizaram.
Rezamos um “pouquinho” e, com isso, achamos que rezamos muito. É como numa corrida: o corredor precisa ter força nas pernas não somente na descida; ele precisa continuar com firmeza e agilidade, no mesmo ritmo, também na subida. Vence aquele que não arrefece e conserva o ritmo até a chegada.
Todo cristão precisa dessa firmeza, porque o mundo se tornou um deserto de fé e amor.
Depois de Pentecostes, os apóstolos pregavam e as pessoas se convertiam e recebiam o derramamento do Espírito Santo. O número de cristãos cresceu de tal forma que somente os apóstolos não eram suficientes para os atender. Surgiram os diáconos, entre os quais Estevão.
O ardor e a força da convicção de Estevão eram tamanhos que abalaram as estruturas do sinédrio. Por causa disso, tinham muita raiva dele. Condenaram e martirizaram Estevão a pedradas, para que não pudesse mais falar. Saulo foi quem carregou o manto daqueles que o apedrejaram. A revanche de Deus foi muito maior: o que Estevão não falou Paulo falou e fez.
Ninguém pode calar nossa boca, nossa fé nem nossa eloquência em proclamar que Jesus Cristo é o Senhor. Nós, cristãos, precisamos reagir.
Depois de terem sido presos, Pedro, João e os demais apóstolos foram proibidos de pregar em nome de Jesus e realizar milagres. Ao voltarem para a comunidade, todos estavam orando. Em vez de aqueles homens ficarem temerosos diante da proibição, eles fizeram uma oração:
“E agora, Senhor, sê atento às suas ameaças, e concede aos teus servos que anunciem a tua Palavra com inteira segurança. Estende, pois, a mão para que se produzam curas, sinais e prodígios pelo nome de Jesus, teu santo servo” (At 4,29-30).
É assim que o Senhor prepara seus valentes guerreiros, os apóstolos de ontem e de hoje. Ontem eram Pedro, João, Estevão e Paulo. Hoje, somos eu e você. O método é o mesmo: o Senhor põe diante de nós situações concretas, diante das quais precisamos pôr nossa fé em ação.
Não estranhe: se as situações são difíceis, é porque você precisa de um treinamento mais firme de fé.
(Trecho do livro “Combatentes na Fé” de monsenhor Jonas Abib).

ORDENAÇÃO EBISCOPAL

Ele assumirá a diocese de Rio Grande
Dom Ricardo Hoepers é 34º bispo paranaense. A ordenação episcopal aconteceu no dia 14 de maio, na Catedral Basílica Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Foi nomeado bispo da diocese de Rio Grande (RS),em 17 de fevereiro.
“Nenhum desafio é tão grande quando acreditamos na Igreja enquanto parte do povo de Deus. A alegria é o coração que se abre para a missão e o papa nos pede uma Igreja em saída. Então vamos a Rio Grande levar a alegria de evangelizar, a alegria do Senhor, a alegria das famílias”, disse dom Ricardo durante a celebração.
Centenas de fiéis participaram da cerimônia de ordenação, com presença do clero da arquidiocese de Curitiba. Foram bispos ordenantes o arcebispo de Curitiba, dom José Antônio Peruzzo;  o arcebispo emérito, dom Pedro Fedalto; e o bispo emérito de Rio Grande, dom José Mário Stroeher.
“O nosso clero sente-se engrandecido porque um dos seus, que aqui nasceu e cresceu, escolhido pelo papa, agora vai oferecer a outros a riqueza da fé que aqui recebeu”, expressou dom Peruzzo.
Trajetória 
Até a nomeação, padre Hoepers estava como pároco na paróquia Santo Agostinho e Santa Mônica e diretor comunitário do Studium Theologicum Claretiano em Curitiba. Nascido em 16 de dezembro de 1970, ingressou no Seminário Arquidiocesano São José aos 19 anos. Cursou Filosofia na Universidade Federal do Paraná e Teologia no Studium Theologicum. Em 1999 foi ordenado presbítero.
O novo bispo fez mestrado e doutorado em Bioética e Teologia Moral na Academia Alfonsiana, em Roma. Atuou como professor na Faculdade Vicentina. Na trajetória como padre, foi diretor da Faculdade de Filosofia da Arquidiocese de Curitiba (2002-2003), coordenador geral do clero (2005 a 2008), membro do Conselho Presbiteral e do Colégio de Consultadores, além de assessor eclesiástico da Pastoral da Pessoa Idosa, no regional Sul 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). É autor do livro “Teologia Moral no Brasil: um perfil histórico”.