A Bíblia é a “Carta” de amor por excelência que Deus manifestou para a humanidade. Foi escrita por muitos autores que partiram da mesma fé, ou seja, muitas experiências bem peculiares relatadas em cada conjunto de livros: Pentateuco, Livros Históricos, Livros Sapienciais, Livros Proféticos, Evangelhos, Atos dos Apóstolos, Cartas Paulinas, Epístolas Católicas e o Livro do Apocalipse.
Temos aí o conjunto do Primeiro e Segundo Testamento. São situações permeadas e registradas à luz do Espírito Santo. Ao ser conservada a história do povo de Deus para nossos dias percebemos que também nós somos chamados à superação de tantas dificuldades que enfrentamos em nosso cotidiano. Mesmo que sejam muitas as provações Deus caminha conosco. Isso é fato! A Revelação de Deus à humanidade foi transmitida e registrada na Bíblia em dois estágios diferentes e complementares: Tradição oral e escrita. Tais experiências salvíficas não eram para ficar em um único período da história.Quando meditamos a Palavra de Deus nos transportamos para a situação vivida pela comunidade e nos indagamos acerca da mensagem que anima e estimula as pessoas. Rezar com a Bíblia é um dos presentes que devemos dar ao nosso coração. Como já dizia Santo Agostinho: “Vós o incitais a que se deleite nos vossos louvores, porque nos criastes para Vós e o nosso coração vive inquieto, enquanto não repousa em Vós”.[1]
É claro que esse processo de memória e escrita foi realizado na parceria de Deus com a humanidade. Por isso que chamamos história da salvação, dirigida a todos nós seus filhos e filhas, muitas vezes ingratos e insensíveis.
A prudente mediação divina nos orienta: quando lemos algo devemos estabelecer critérios para um melhor desempenho e assimilação do que nos é fornecido no texto e sua aplicação na nossa história. No campo religioso é de bom tom atitudes de oração, ruminação e assimilação das inquietações propostas no texto sagrado, sempre guardadas as devidas proporções. A partir dessas perspectivas vemos que quando a Palavra de Deus vem ao nosso encontro não cabe a nós guardá-la, mas socializar as benesses advindas de tão providencial gesto amoroso de Deus que nos quer cônscios de sua vontade e plenos de seu amor.
Estamos situados em uma determinada comunidade de fé. Para facilitar elencamos algumas modalidades de leituras a serem evitadas para não tirarmos a originalidade do texto sagrado, com suas respectivas intuições existenciais e pastorais para os dias de hoje.
1 - Leitura Fundamentalista: o texto genuinamente como se apresenta, literal
- Só na Bíblia existe a ação única de Deus e pronto
- Só nela existe o conjunto de verdades sobre Deus
- De cunho anti-histórico, ou seja, tomado ao pé da letra sem a situação atual do seu contexto. Quando se fecha aos sinais de Deus no cotidiano. Se mostra anti-ecumênica.
2 - Leitura Doutrinarista: o texto usado para justificar normas religiosas
- Busca de doutrinas religiosas que eu preciso saber para me salvar
- Imagem de Deus racional, regulador, alguém impositivo
- Exacerbada preocupação em saber o que é a doutrina
- Primeiramente a “doutrina” e depois a vida humana
3 - Leitura Moralista: o texto para fins de julgamentos externos
Visão reducionista da realidade: boa ou má
A Bíblia como manual de conduta religiosa que todos os cristãos devem observar para não se condenarem
Atitudes: a imagem de Deus é como alguém: rígido, castigador, fiscal. Condenar / salvar. Isso gera deturpação dos valores: Lc 5,27-32; Mt 9,9-13; (Mc 3,1-5).
4 - Leitura Intimista: o texto exclusivamente à luz de minha experiência “mística”
- Prevalecimento exagerado do sentimento pessoal
- Vontade direcionada através do sentimentalismo sem senso de razoabilidade
5 – Leitura Academicista: Justificar conhecimento intelectual ou defender racionalmente um ou vários pontos de vista que me agrada
- A Bíblia como fonte de conhecimento intelectual apenas
- Racionalização do religioso em detrimento do espiritual
- Tirar dúvidas e satisfazer curiosidade intelectual para justificar algo
PERGUNTAS PARA MEDITAÇÃO PESSOAL:
Minhas leituras bíblicas são condicionadas por alguma dessas maneiras?
A meditação nos faz colocar a caminho do que Deus pede de nós. Conseguimos fazer essa meditação diária?
Fonte: Blog Catequese e Bíblia – Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB
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